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3 fev 2020

Ensino básico precisa, sim, de psicólogos e assistentes sociais

*Por Iara Grandino

O Diário Oficial da União publicou dia 12 de dezembro último a Lei Federal nº 13.935/2019, que obriga as redes públicas de educação básica a contarem com serviços de psicologia e de serviço social para atender às necessidades e prioridades definidas pelas Políticas de Educação. Agora, tais instituições públicas terão até 12 de dezembro de 2020 para se adequar à nova lei.

Nos meus 35 anos de atuação como professora, sendo 32 na rede pública, presenciei casos que poderiam ter sido solucionados se houvesse profissionais de análise comportamental nas escolas. Existem fatos, por exemplo, em que a criança sofre bullying, mas o professor não percebe a gravidade da situação.

Quanto aos problemas dos alunos, o apoio de profissionais especializados em análises comportamentais e do cenário que envolve determinadas situações nas escolas pode contribuir para uma ação assertiva dos pedagogos e dos gestores de educação. Não se trata de uma análise individual de cada aluno. O trabalho desses profissionais permite uma visão ampla sobre a causa e o efeito, em relação ao que gerou determinado problema.

Ao fazer parte do convívio escolar, o psicólogo trabalha junto à comunidade, família e escola, para identificar as fragilidades do cenário e, assim, desenvolver uma ação de acordo com a necessidade específica do aluno.

Numa escola em que trabalhei, em São Paulo, um aluno vivia chutando a porta para ser expulso da sala de aula. Ele também mordia seus colegas frequentemente. Resolvemos conversar com o garoto para entender a situação e com muita conversa e paciência, descobrimos que na escola anterior os responsáveis o trancavam numa sala escura quando fazia algo errado. Se houvesse um psicólogo naquela escola, este avaliaria o contexto e, com certeza, o aluno não passaria por aquela situação traumática.

Problemas de aprendizado, desatenção, absenteísmo e alteração de comportamento não ocorrem só por causa da própria criança. Há um cenário que também envolve a maneira como o docente lida com determinadas situações, inclusive fora da escola.

A presença do psicólogo e do assistente social nas escolas públicas será importante para ajudar a mediar as situações nas instituições de ensino. Tais profissionais poderão avaliar com mais aprofundamento técnico as situações. Eles apoiarão estudantes, professores e diretores das escolas públicas, buscando — em conjunto com os vários partícipes —, melhorias no processo de convívio e nas relações sociais nas escolas.

*Iara Grandino, coordenadora educacional da Universidade Brasil, é mestre em Linguística. É formada em Pedagogia, Letras (Português e Inglês) e Psicopedagogia.

Fonte: Repórter Diário